quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

MEU PRÓPRIO CIGARRO




Os dias passam como horas e as horas como séculos, quando a ansiedade nos desprende do presente e transporta o espírito para uma esfera descolada do agora. Vi teus olhos tristes, mais uma vez, tentei te culpar pela minha tristeza, quando na verdade meu coração já havia me sentenciado.
Encontrei a paz no teu olhar e enxerguei a tempestade em teus cabelos, me fiz escudo pra te proteger e mal sabia que eu não tinha tanta força assim... teus cabelos me envolveram como correntes e teus olhos se fizeram espelhos que traduziam a fraqueza que eu não conseguia ver em mim.
Quantas vezes aprendemos nosso egoísmo por querer o que não temos e esquecemos de ver a beleza daquilo que possuímos. Provações em provocações, que testam nossa fortaleza e a fidelidade dos sacrifícios, de corações humanos em decorações de altares divinos, em honra a deuses que foram tão humanos quanto nossas fraquezas.
Sentando a sombra que assombra, no limite muito tênue entre divinizar os homens e humanizar os deuses. Vivendo a inconstância de não saber o que renunciar, pois amar traz em si desafios e aceitar o outro expõe toda a dificuldade que é, por muitas vezes, negar a si mesmo. 
Tragando ares da minha própria fragilidade, como se respirasse a fumaça do meu próprio cigarro, de forma a me contaminar um pouco mais. Começo a me olhar em teus olhos e me vejo como há muito não me via, um futuro sem passado como quem desperta de um coma profundo e não sabe se está em transe ou se tudo é da forma exata como enxerga. Inalando fumaça tóxica dos meus próprios pensamentos, exalando odores de desconforto, de modo a afastar até mesmo o que mais te agrada em mim.

6 comentários:

  1. Uaaauuuu!!!!

    fantástico profe!!! já estava com saudade dos seus textos...
    vê se não nos abandona aqui no blog... adoro ler suas produçÕes.

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  2. Obrigado galera! que bom que gostaram...

    grande Matheus, seu blog tb é muito bom, sempre que posso dou uma conferida...

    abração e, mais uma vez, muito obrigado!

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  3. Muito bom Lelo! Mais uma postagem excelente! Sempre que puder, nos presenteie com mais textos, são ótimos! Adoro seu blog!
    Abraço grande!

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    1. Oloko Eduardão... sempre bom receber um elogio seu, ainda mais um excelente blogueiro como vc, com textos fantásticos!
      Obrigado e abração

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  4. [...]Tragando ares da minha própria fragilidade, como se respirasse a fumaça do meu próprio cigarro, de forma a me contaminar um pouco mais. Começo a me olhar em teus olhos e me vejo como há muito não me via, um futuro sem passado como quem desperta de um coma profundo e não sabe se está em transe ou se tudo é da forma exata como enxerga[...].
    São as minhas palavras para hoje!
    Lindo! ;D

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